Cerca de 117 mil pessoas estão abrigadas nos 10 hospitais que ainda funcionam em Gaza, em meio a intensificação de bombardeios e amplas operações terrestres israelenses; profissionais de saúde prestam cuidados de emergência em meio à falta de suprimentos médicos e energia elétrica.
Com a crise Israel-Palestina entrando na quarta semana, as equipes de ajuda da ONU destacaram nesta segunda-feira a pressão crescente sobre os hospitais do norte de Gaza, onde estão pacientes e profissionais de saúde.
Segundo o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, as vizinhanças dos hospitais Shifa e Al Quds, na cidade de Gaza, e do hospital Indonésia, no norte do enclave, foram bombardeadas no fim de semana, em meio a relatos de amplas operações terrestres israelenses.
A evacuação continua “impossível”
De acordo com o Ocha, cerca de 117 mil pessoas deslocadas estão abrigadas nos 10 hospitais ainda operacionais em Gaza e em outras partes do norte da cidade, que receberam “repetidas ordens de evacuação” nos últimos dias.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, reiterou que “a evacuação dos hospitais é impossível sem pôr em perigo a vida dos pacientes”.
Cesarianas de emergência estão sendo realizadas sem anestesia em meio à escassez de suprimentos médicos e energia e muitos partos estão tendo que ser realizados de forma prematura, disse o Fundo de Populações da ONU, Unfpa, citando testemunhos angustiante da equipe do Hospital Shifa.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, disse na segunda-feira que seus trabalhadores humanitários em Gaza “continuam prestando assistência” a mais de 600 mil pessoas que buscaram segurança nos abrigos da organização.
“Eles são o rosto da humanidade durante uma das suas horas mais sombrias”, disse a Unrwa em um comunicado.
Unrwa/Shafiq Fahed Funcionários da Unrwa em Amã, na Jordânia, participam numa cerimônia para lembrar colegas que perderam a vida em Gaza
O número de mortos continua aumentando
A agência realizou um serviço memorial no domingo para 59 dos seus funcionários mortos no conflito até agora e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou a sua “gratidão, solidariedade e total apoio” aos colegas que trabalham para salvar vidas em Gaza enquanto arriscam as suas próprias.
Na noite de domingo, o número de mortos em Gaza desde 7 de outubro ultrapassou a marca de 8 mil, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza.
O Ocha também disse que os disparos indiscriminados de foguetes de grupos armados palestinos contra cidades e vilas israelenses continuaram nas últimas 24 horas, sem relatos de mortes.
De acordo com as autoridades de Israel, 239 israelenses e cidadãos estrangeiros, incluindo cerca de 30 crianças, permanecem reféns em Gaza e 40 pessoas ainda são dadas como desaparecidas na sequência dos ataques terroristas do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, que mataram 1,4 mil pessoas.
A ONU apelou repetidamente pela libertação imediata e incondicional dos reféns. Guterres repetiu no domingo que “nunca há justificativa para matar, ferir e raptar civis”.
Agitação civil
No domingo, “pelo menos 33 caminhões” transportando água, alimentos e suprimentos médicos entraram em Gaza através da passagem de Rafah com o Egito, a maior entrega deste tipo desde que os comboios foram retomados em 21 de outubro.
Segundo o Ocha, “embora este aumento seja bem-vindo, é necessário um volume muito maior de ajuda numa base regular para evitar uma maior deterioração da terrível situação humanitária, incluindo a agitação civil”.
Durante o fim de semana, milhares de pessoas invadiram vários armazéns e centros de distribuição da Unrwa, levando farinha de trigo, produtos de higiene e outros artigos.
Ao mesmo tempo, um apagão de telecomunicações que durou mais de 24 horas isolou os habitantes de Gaza do resto do mundo e uns dos outros.
O diretor de Operações da Unrwa, Tom White, descreveu o desenvolvimento como “um sinal preocupante de que a ordem civil está a começar a ruir após três semanas de guerra e um cerco estrito a Gaza”.
O Ocha ressaltou mais uma vez que a entrada de combustível, que não foi permitida nos caminhões de ajuda, é “urgentemente necessária” para operar equipamentos médicos e instalações de água e saneamento.
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