As apostas do novo chefão da Uber para a América Latina


 Desde sua infância, Eduardo Donnelly se acostumou a explorar diversos destinos. Devido ao trabalho de seu pai, um banqueiro, o garoto nascido em Bogotá, na Colômbia, viveu em várias nações, como Espanha, Estados Unidos e Brasil, até finalmente se estabelecer no México.

Agora adulto, suas jornadas o levaram a se juntar à Uber em 2017, onde ele agora enfrenta mais um desafio. Nomeado como vice-presidente de mobilidade para a América Latina em abril deste ano, Donnelly tem a tarefa de elevar a divisão mais proeminente da empresa a um novo patamar de expansão na região.

Com essa meta em mente, Donnelly já delineou sua estratégia para atingir esse objetivo. O plano é ir além do serviço Uber X, que é o que a empresa é mais conhecida por oferecer no mercado latino-americano. Ele planeja explorar e expandir as várias alternativas que a empresa possui em seu portfólio. Isso inclui impulsionar o Uber Shuttle, o Uber Viagens em Grupos e o Uber Moto.

“Donnelly afirmou em entrevista exclusiva ao NeoFeed: “Ao longo dos últimos dez anos na região, estabelecemos uma presença sólida entre os consumidores mais afluentes. No entanto, nos próximos dez anos, nosso objetivo é encontrar maneiras de oferecer produtos para atender toda a população.” Ele acrescentou: “Isso significa que precisamos aumentar as opções e disponibilizar uma variedade completa de veículos na plataforma.”

O Brasil, sendo a maior operação na região, desempenha um papel crucial nessa estratégia. Desde sua chegada em 2014, a Uber expandiu sua presença para mais de 500 cidades no país, com 30 milhões de usuários e um milhão de motoristas cadastrados. Em comparação, globalmente a Uber possui seis milhões de motoristas.

Uma das adições mais recentes no país é o serviço chamado “Viagens em Grupos”, que foi lançado na semana passada. Essa modalidade permite que grupos de amigos com destinos semelhantes possam solicitar um carro e adicionar até três paradas ao longo do percurso.

Inicialmente disponível em cidades como Porto Alegre, Pelotas, Recife, Manaus, Brasília, Natal, São Luís, Macapá e Anápolis, o serviço pode gerar economia de até 30% por passageiro, dependendo do número de pessoas na viagem. Eduardo Donnelly explicou: “Hoje, em comparação com o transporte público, o Uber X é, em média, quatro vezes mais caro. Queremos reduzir essa diferença significativa, e a nova opção de Viagens em Grupos permite essa acessibilidade por meio do compartilhamento dos custos.”

Outra iniciativa que a Uber está expandindo desde o início de 2022 é o Uber Shuttle, que visa atender grupos maiores. Com veículos capazes de transportar de 10 a 50 passageiros, esse serviço é direcionado tanto para o deslocamento diário dos funcionários quanto para a movimentação entre diferentes unidades de uma mesma empresa.

Embora inicialmente voltado para o mercado corporativo, a Uber tem planos de oferecer o Uber Shuttle também para os consumidores finais na região. Donnelly disse que estão desenvolvendo essa oferta B2C (Business-to-Consumer).

Ao investir nessa estratégia, a Uber está competindo com empresas como a startup mineira Buser, que captou R$ 700 milhões em investimentos em 2021. A Buser, no entanto, está seguindo um caminho inverso ao da Uber, passando do B2C para oferecer transporte para empresas.

A estratégia da Uber também abrange outras opções de mobilidade, como o Uber Moto, que foi lançado no final de 2020 e já está disponível em 280 cidades, além da integração com o transporte público, aeroportos e parcerias com empresas de compartilhamento de bicicletas, como a Tembici.

Além da expansão do portfólio, Donnelly destaca a importância de uma abordagem mais direcionada. A Uber está buscando entender melhor o comportamento dos usuários e oferecer serviços relevantes de acordo com suas necessidades, em vez de simplesmente expandir rapidamente. Isso reflete a mudança na filosofia da empresa, que agora prioriza eficiência, redução de custos e rentabilidade, em comparação com o crescimento rápido a qualquer custo.

Nos últimos balanços, a Uber tem demonstrado sinais de progresso em direção à lucratividade. No segundo trimestre de 2023, a empresa relatou seu primeiro lucro operacional de US$ 326 milhões, em comparação com um prejuízo de US$ 713 milhões no mesmo período do ano anterior. Isso aponta para uma mudança positiva na direção dos resultados financeiros da empresa.

Esses avanços também se refletem no valor de mercado da Uber, que viu suas ações subirem 80,6% ao longo de 2023, atingindo um valor de mercado de US$ 91,3 bilhões. Donnelly acredita que a Uber está entrando em uma nova fase de sucesso, uma virada de chave que foi moldada pela busca por eficiência e pela oferta de serviços relevantes para seus usuários.


Fonte: Neofeed

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