Na ONU, Lula diz que mundo não pode aceitar injustiças como “fenômeno natural”

 Presidente do Brasil abriu sessão de discursos de chefes de Estado na Assembleia Geral enfatizando o combate à “dissonância entre a voz do mercado e a voz das ruas”; Lula destacou desigualdade, desemprego, precarização e reformas necessárias para avançar na resolução de conflitos.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que para vencer a desigualdade “falta vontade política daqueles que governam o mundo.”

O chefe de Estado foi o primeiro a discursar na tribuna da semana de Alto Nível da ONU em Nova Iorque, nesta terça-feira. Ele enfatizou a luta contra a desigualdade como prioridade global.


Imperativo moral e político

“A maior parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável caminha em ritmo muito lento. O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e a fome parece estar anestesiado. Nesses sete anos que nos restam, a redução da desigualdade dentro dos países e entre eles deveria ser tornado o objetivo síntese da agenda 2030.”

O presidente afirmou que o Brasil está comprometido “a implementar todos os 17 ODS de maneira integrada e indivisível.” 

Segundo ele, reduzir a desigualdade dentro dos países “requer incluir os pobres dentro dos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao patrimônio.”

Lula ressaltou que “os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.” Além disso, “os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera”, afirmou.


O chefe de Estado brasileiro disse que os altos níveis de desigualdade econômica e política que “assolam as democracias” acabam com a esperança. 

Dissonância entre voz do mercado e das ruas

“O desemprego e a precarização minaram a confiança das pessoas em tempos melhores, em especial os jovens do mundo. Os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz do mercado e a voz das ruas.” 

Lula declarou que é preciso antes de tudo “vencer a resignação” que faz com que as injustiças sejam encaradas como “fenômeno natural”.

Ele também enfatizou a renovação das instituições multilaterais dedicadas à paz. 

Segundo o presidente, a guerra da Ucrânia escancara “a incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU.”

ONU/Eskinder Debebe O secretário-geral António Guterres com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil, nos bastidores da 78ª sessão da Assembleia Geral da ONU

Resolução de conflitos

Lula afirmou ainda que “sanções unilaterais causam grandes prejuízos a população dos países afetados e que além de não acalcarem seus alegados objetivos dificultam os processos de mediação prevenção e resolução pacífica de conflitos.” 

Segundo ele, “o Brasil seguirá denunciando medidas sem amparo na carta da ONU.”

O chefe de Estado mencionou que as despesas com armas nucleares no ano passado chegaram US$ 83 bilhões, um valor “20 vezes superior ao orçamento regular da ONU.” 

Além disso, ele afirmou que “a estabilidade e a segurança não serão alcançadas onde há exclusão social e desigualdade.” 

O presidente brasileiro prometeu que na presidência do G20, em 2024, o Brasil irá combater a desigualdade em todas as suas dimensões. 


 

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