Diretor de Política Monetária cita impactos provocados pelo conflito entre Hamas e Israel
Nesta segunda-feira (9), Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, destacou um cenário internacional mais desafiador, atribuindo isso aos recentes desdobramentos decorrentes do conflito entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas.
Galípolo, no entanto, enfatizou que essa deterioração no cenário global é contrabalanceada por uma situação mais favorável no âmbito doméstico. Ele afirmou que o Banco Central planeja manter o ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões.
Ele declarou: “Apesar do ambiente internacional mais desafiador, acreditamos que a redução de 0,5 ponto na taxa de juros brasileira permite que ajustemos simultaneamente o nível da política monetária em vigor […] e monitoramos os desenvolvimentos domésticos e internacionais para termos tempo de analisar e compreender o que está ocorrendo na economia.”
Essas declarações foram feitas durante uma reunião do Conselho Empresarial de Economia da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Ele observou: “Estamos enfrentando um cenário mais desafiador no âmbito internacional neste segundo semestre, com novos desafios que estão surgindo, incluindo conflitos que ocorreram durante o final de semana, com diversos impactos nos preços globais.”
Os preços do petróleo subiram 4% nessa segunda-feira, enquanto a Bolsa brasileira teve uma abertura em baixa, devido ao conflito entre o Hamas e Israel no Oriente Médio, aumentando a aversão ao risco global.
Ele continuou: “Portanto, temos um cenário internacional mais complicado. No entanto, isso é compensado, se olharmos o lado positivo, por um cenário doméstico mais favorável.”
O diretor do Banco Central destacou surpresas positivas no crescimento econômico e na inflação do Brasil nos últimos meses, evidenciando uma variação de preços mais moderada.
Para este ano, o Banco Central revisou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) e agora espera um crescimento de 2,9%. A estimativa anterior, divulgada em junho, era de alta de 2%.
Em 12 meses, a inflação acumulada atingiu 4,61% até agosto, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A prévia de setembro registrou uma aceleração impulsionada pelo aumento do preço da gasolina, apesar da queda nos preços dos alimentos. O índice IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) será divulgado na quarta-feira (11).
Ele acrescentou: “Ao analisar o comportamento da moeda brasileira e das taxas de juros de longo prazo no Brasil, percebemos que estão fortemente correlacionados com os movimentos internacionais e que se comportam em conjunto com seus pares em outros países emergentes.”
No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano, marcando o segundo corte consecutivo com a mesma intensidade, levando os juros ao seu menor nível desde maio de 2022. O comitê voltará a se reunir nos dias 31 de outubro e 1º de novembro.
O Banco Central tem adotado uma linguagem cautelosa em suas comunicações, utilizando termos como “serenidade” e “parcimônia”. De acordo com Galípolo, essa abordagem reflete a “humildade” diante das dificuldades que os economistas enfrentam para prever cenários devido às mudanças causadas pela pandemia de Covid-19 e pelo conflito entre Ucrânia e Rússia, que começou em fevereiro de 2022.
Galípolo também mencionou o “esforço da última milha” para alcançar as metas de inflação. O objetivo do Banco Central é atingir 3,25% em 2023 e 3% nos anos seguintes, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Fonte: Folha