SHAKESPEARE: UM ENCONTRO DO CLÁSSICO COM O MODERNO

 


O dia 23 de abril é a data em que se comemora o aniversário e o legado de Shakespeare, mas obra e vida dele são celebradas o ano inteiro! Nada mais justo do que comemorar a vida de um grande escritor e dramaturgo que revolucionou a vida das pessoas, até muito tempo depois de falecido. Aliás, ele é atemporal, sua obra tem valores universais.

Eis o poder do legado: ele contribui com gerações futuras. Em tempos de guerra, séculos depois, os teatros de Stratford-upon-Avon lotaram e a obra deste grande escritor contribuiu sobremaneira para amenizar a dor das pessoas, bem como financeiramente. 

Stratford-upon-Avon é pura cultura, rodeada de murais imensos, que representam as obras do grande dramaturgo.

A cidade, além de ser rodeada pelo charmoso Rio Avon, está adornada de grafites explêndidos, uma espécie de “storytelling” por meio das Artes Plásticas.Há também atores declamando as obras dele por todo lado.

A casa onde eles nasceu, que hoje é um grande museu, visitado por pessoas de toda parte do mundo, foi preservada e tem um belo jardim onde se pode apreciar um belo chá ou café.

Contudo, esse artigo quer dar ênfase também ao primeiro teatro onde Shakespeare se apresentou, em New Inn Broadway, um pequeno quadrado cheio de relíquias no “descolado” Distrito de Shoreditch, ao leste de Londres. Logo o leste, que tem um passado histórico nada favorável e animador, hoje apresenta tantas novidades culturais. 

O bairro “trendy” , na verdade, esbanja cultura por todos os lados e de diversas maneiras. Que tal um encontro com Shakespeare, uma volta ao passado, ao primeiro teatro da Inglaterra, todo adornado, como na primeira apresentação de “Romeu e Julieta”? E já que o assunto aqui é voltado ao teatro, vamos lá: convido você “se imaginar sentado” ao lado do grande escritor e teatrólogo, bem na esquina de New inn Broadway e New Inn Yard. 

Os britânicos, que fazem de tudo para preservar a arte e cultura, não perderam tempo, e já fizeram um banco pra lá de convidativo: ao lado da estátua de Shakespeare, com a vista para a belíssima réplica do The Theatre. Melhor: a réplica que representa o cenário da primeira apresentação de “Romeu e Julieta” é permanente e faz parte das lelíquias de Shoreditch. Que atmosfera! Se você, como eu, gosta de descobrir histórias, apreciar monumentos culturais e sentir “a alma do lugar”, ficará contagiado. 

 Pasmem: arqueólogos encontraram recentemente, numa escavação, resquícios ou a base do antigo teatro, perdidos há 400 anos: The Theatre, que havia sido construído para Shakespeare, em 1576 por Richard Burgage. Isso mesmo! E não só. Quando foi desmontado em 1598, o material foi movido para a construção do The Globe, in Bankside.  

Sabe-se que a cidade de Londres, em 1572, vivia o horror da grande peste e, para evitar a fatal propagação, o então prefeito reprimiu as peças apresentadas na cidade. Obviamente, as companhias começaram a se espalhar em busca de outros espaços para suas apresentações.  

Outra curiosidade é que décadas antes de 1576, havia acontecido a dissolução dos mosteiros e, consequentemente, o Priorado de Holywell foi demolido e o The Theatre foi levantado ali, num local “sagrado”.  

Shoreditch, nessa época, era um distrito de muita pobreza, rude, cheio de casas de jogos e tavernas. Quem deu início ao projeto ousado foi o ator e gerente de teatro James Burbage (1530-1597), juntamente com seu cunhado John Brayne (1541-1586). 

Como tentativa de proteção, devido a um grande desentendimento entre o filho de Burbage e o proprietário do local, Gilles Allen, o The Theatre chegou ao fim. Com ajuda de associados, os filhos de Burbage, Richard e Cuthbert desmantelaram o teatro em 1598.  

As madeiras do The Theatre, conforme já dito, foram usadas para construir o The Globe em 1599. Mas onde entra Shakespeare? Simples: havia uma companhia de teatro chamada Lord Chamberlain`s Men, da qual Burbage, juntamente com o “ator e dramaturgo de Stratford-upon-Avon” faziam parte. Começaram a apresentar as peças de Shakespeare com exclusividade, até que a trágica história de amor, “Romeu e Julieta” foi mostrada pela primeira vez no The Theatre. Acredita-se que foi escrita entre 1591 e 1595.  

E lá está um lindo mural de Romeu e Julieta, adornando um moderno prédio de escritórios, cheio de poesia, literatura e arte. Este é o charme de New Inn Broadway, o contraste entre o clássico e o moderno, grafites e as maiores companhias tecnológicas do mundo. Lindo de se ver, de se sentir, contemplar e apreciar. Shoreditch não é para apenas visitar, há muito o que se descobrir ali. Esta riquíssima história é apenas parte de um quadrado! Vale a pena conferir!  

Viva o legado de Shakespeare! Viva o teatro! Viva a arte de rua!




 



Texto e fotos: Sueli Lopes é Drª h. c. em Literatura; Acadêmica Internacional, cadeira nº 276, Patrona Marguerite Duras, da FEBACLA (Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes); Possui o título honorífico de Embaixadora da Paz pela The Peace Maker, em cooperação com o Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz. É autora, escritora, cronista, colunista internacional e Curadora Literária. É membra da AILB (Academia Internacional de Literatura Brasileira, sede em Nova Iorque) e CEO do Grupo Internacional de Escritores Vozes da Diáspora (Londres). É pós-graduada em Literatura pela Universidade de Salamanca, Espanha. É natural de Goiás. Foi professora de Língua portuguesa e Linguística na Universidade Federal de Goiás e na PUC-Go. Instagram: @escritorasuelilopes e @vozes.da.diaspora #shakespeare #legado #dramaturgia #teatro #grafite #shoreditch #artederua #vivashakespeare #vivaoteatro #ccbluk #escritorasuelilopes #vozesdadiaspora #mulheresqueescrevem #escritoras #conteudodevalor










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