VIVA PABLO NERUDA, O POETA DA DIPLOMACIA

 


Pablo Neruda, poeta chileno, considerado um dos mais importantes escritores em língua castelhana. Dentre seus prêmios e honrarias, vale destacar: Prêmio Nobel de Literatura em 1971; Prêmio Lennin da Paz em 1953; o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Oxford em 1965.  Além de um grande poeta, foi um diplomata de muito destaque.

Pablo Neruda, pseudônimo que adotou na adolescência, inspirado, de acordo com alguns historiadores, no escritor checo Jan Neruda, de Ricardo Eliécer Neftali Reyes, nasceu na cidade de Parral, no Chile, no dia 12 de julho de 1904. Filho de um ferroviário e de uma professora, ficou órfão de mãe logo ao nascer, mas expressou e publicou imensa ternura por sua madrasta, que foi a primeira inspiração do poeta (isso não é lindo?): “Era diligente e doce/ tinha um senso de humor camponês/ Uma bondade ativa e infatigável.” 

Ele, na verdade, começou a escrever muito cedo e era apaixonado pela literatura russa, especialmente Dostoiesvsky, Tolstoy e Chekhov. Também era fã de Baudellaire, que nem era tão conhecido na época. (o bom gosto e boas leituras foi também sua marca!).  já em 1919, obteve o 3° lugar nos Jogos Florais de Maule, com o poema “Noturno Ideal”. Em 1920, começa a escrever para a revista literária “Selva Austral”.

Em 1921, Neruda muda-se para Santiago, onde ingressa no curso de francês no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile. Foi um tempo difícil, pois ele não era uma pessoa abastada e expressou tal dureza: “A vida daqueles anos na pensão dos estudantes era de fome completa. Escrevi muito mais que até então, mas comi muito menos. Alguns dos poetas que conheci naqueles dias sucumbiram por causa da dieta rigorosa da pobreza.” 

Nesse mesmo ano, ganha o prêmio da Festa da Primavera com o poema “A Canção da Festa”. Em 1923, reúne seus poemas em Crepusculario. Mas não foi uma conquista fácil. Para publicar este livro, precisou vender os poucos móveis da casa, penhorou o relógio e até o casaco. Em seu livro de memórias, diz: “Saí pelas ruas com meus livros debaixo do braço, com os sapatos rotos e louco de alegria.”

 Em 1924 publica seu grande sucesso Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, a obra, repleta de lirismo, que faz de Neruda um dos mais famosos poetas chilenos. Um livro impossível de não se amar, pois, apesar da melancolia, está presente nele o prazer de viver. Foi um best seller, traduzido em inúmeras línguas e vendido no mundo inteiro.

Em 1927, Pablo Neruda começa sua saga de viagens, bem como sua carreira diplomática, após ser nomeado Cônsul-Geral do Chile em Rangum (hoje Yangon), na Birmânia (hoje Myanmar). Posteriormente, durante cinco anos, representou seu país no Siri Lanka, Java e Singapura.

Em 1933, Pablo Neruda escreve uma de suas principais obras, “Residencia em la Tierra", em que emprega imagens e recursos próprios do surrealismo. Conhece o poeta Federico Garcia Lorca, após uma breve estada em Buenos aires e passa a servir como Cônsul na Espanha (Barcelona e Madri, respectivamente).  Presenciou a Guerra Civil Espanhola, e como poeta que era, escreveu  “España em el Corazón” (1937. Obra que, por sinal, foi um marco de mudança na vida do poeta, que, desde então, decidiu consagrar sua vida e obra em defesa de ideais políticos e sociais.

Neruda retorna ao Chile no ano de 1938 e também serve como Embaixador no México, por um curto temo, e em 1945, foi eleito senador pelo Partido Comunista. Porém, o governo decreta a ilegalidade do partido, em 1948, período em que o grande poeta e diplomata critica o tratamento dado aos trabalhadores das minas, na presidência do Gonzáles Videla. Tal atitude levou contra si uma grande perseguição, que resultou em seu exílio em alguns lugares da Europa, inclusive na União Soviética. Foi, portanto, o período em que escreveu outra de suas grandes obras, “Canto General” (1950).

Em 1952, quando o governo chileno restabeleceu as liberdades políticas, Neruda regressa ao país e fixa residência em Isla Negra, no Pacífico (que algumas biografias citam como exílio também). Há um inclusive um belíssimo filme, de Michael Radford, 1994, inspirado neste período de Neruda em Isla Negra, chamado “O Carteiro e o Poeta”. Foi também um tempo em que sua obra adquiriu grande diversidade com a publicação de “Odas Elementales” (1954), onde canta a vida cotidiana, com “Cien Sonetos de Amor” (1959) e “Memorial de Isla Negra” (1964) onde evoca o amor e a nostalgia do passado. Porém, em 1970, o autor reafirmava seu compromisso com a ideologia político-social, com a publicação de “A Espada Incendiada” e, logo depois, em 1971, foi nomeado Embaixador do Chile em Paris. 

Em 1972, já doente, retorna para Santiago. Em 1973, um golpe militar derruba o presidente Salvador Allende e se instala uma ditadura militar no Chile. Passados 12 dias do golpe, Pablo Neruda morre na capital chilena, no dia 23 de setembro de 1973.

Pablo Neruda deixou seu grande legado eternizado por meio da literatura e por meio de sua história registrada no mundo diplomático. Há duas outras obras cinematográficas inspiradas em sua vida: “Neruda – Fugitivo”, de Manoel Basoalto (2015) e “Neruda”, de Pablo Larraín (2016). Termino este artigo com uma frase que mostra profundo engajamento do grande poeta com o sofrimento humano:

“A poesia tem comunicação secreta com os sofrimentos do homem.”

Por Sueli Lopes Colunista da Tv Manchetes

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