Como escritora, autora, antologista, colunista internacional e mentora literária, aprendi a enxergar o poder das histórias de vida. Antes disso, porém, fiz as pazes com a minha jornada. Etendi que nela encontra-se o início de minha missão e meu propósito, além de ver como as adversidades tornaram-se meus maiores diferenciais rumo às minhas conquistas.
A Sombra das Horas
Eu fui alfabetizada no sertão de Goiás, resultado do projeto de minha mãe, a primeira professora que lá chegou. Lembro-me como se fosse hoje, eu e meus irmãos participando com toda a comunidade rural que se uniu, e a escola ficou pronta em um dia. De pau a pique, tal qual era a nossa casa.
Desde então, as crianças não precisavam mais se deslocar até a cidade mais próxima para estudar. Sim, minha mãe libertou uma geração inteira do analfabetismo! Ela dividia o tempo entre todas as séries do primário. Enquanto estudávamos, também aprendíamos a decifrar as horas na sombra das vigas, pois não havia relógio. Ninguém tinha, e parecia normal. Pela posição da sombra, sabíamos muito bem a hora do recreio, do fim da aula. E quando a sombra ainda estava sobre toda a escola, bem cedinho, os alunos chegavam montados em cavalos, de trator, e muitos a pé mesmo. Estes, levantavam de madrugada.
Aprendi a ler muito rápido, e descobri um novo mundo, o dos livros! Como a maioria dos adultos não sabia ler, virei uma espécie de fenômeno para eles, pois eu só tinha cinco anos. Nas festas e rezas, ficava eu, numa sala separada, lendo para aquele povo, sedento de ouvir algo novo, que viesse dos livros. Eu lia com muito gosto, especialmente o texto favorito deles, “Um Amigo de Infância”, de Humberto de Campos, mais conhecido como “Meu Cajueiro”. Também virei a “escrevedeira” deles, pois os rapazes pediam para eu escrever o “correio elegante” (um bilhete convidando as moças à dança). Voltávamos para a casa com os meus brindes: porco, galinha, sacos de arroz. Comecei a empreender ali.
Minha Primeira Biblioteca
Aos meus nove anos, fui para Goiânia, viver com meus avós, onde havia mais recursos educacionais. Sofri com a separação, mas quando entrei no “gabinete” de meu avô, meu coração disparou. Ele era agrimensor, um intelectual autoditada, falava francês, latim e tinha uma vasta biblioteca. Assim, enquanto meus colegas liam a “coleção vagalume”, eu lia Machado de Assis, Dostoievski, Eça de Queiroz, entre outros. Foi um diferencial em minha vida.
Em Goiânia, também estudei Letras na UFG, onde me tornei professora mais tarde, assim como na PUC. No dia que me candidatei à vaga na UFG, quando eu dava uma aula à banca examinadora (os doutores), olhei pela janela e vi a sombra das árvores. Lembrei –me da sombra das horas, e também de meu avô. Passei. Na mesma cidade, trabalhei no SESC e SECEg, onde desenvolvi seminários lingúisticos internacionais, coordenei um Centro de Línguas, montei uma biblioteca. Como resultado, ganhei, da Embaixada da Espanha no Brasil, uma bolsa de estudos para fazer uma pós-graduação na Universidade de Salamanca.
Hoje, vivo em Londres, onde sou CEO do Grupo Interancional de Escritores Vozes da Diáspora. Sou Drª h. c. em literatura, Acadêmica Internacional Imortal da Associação Internacional de Literatura Brasielira (NY) e da Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes, onde também sou Chanceler Cultural da Paz. Sou autora, escritora (com 8 livros solo até o momento) e antologista. Sou colunista internacional, atuando no Brasil, Portugal, suíça e Reino Unido.
Eu sei que parece jargão, mas nossas adversidades obtidas no decorrer da vida são, na verdade, nossos triunfos e nossa fortaleza.
Sim, minha história é linda, assim como a sua. Sabe por quê? Há poder na história de vida. Como mentora de escrita, tenho conquistado clientes em diferentes partes do mundo. Quando alguém me procura para obter suporte e escrever um novo livro, a primeira pergunta que faço, e repasso a você agora, é:
Você já fez as pazes com a sua história de vida?
Sueli Lopes vive em Londres, onde é CEO do Grupo Internacional de Escritores Vozes da Diáspora. Ela é Drª h. c. Em Literatura, formada em Letras pela UFG e pós-graduada pela Universidade de Salamanca. É colunista internacional (Portugal, Suíça, Reino Unido e Brasil); autora (8 livros solo até o momento); escritora; antologista (as duas coletâneas por ela organizadas até o momento foram lançadas no consulado Geral do Brasil em Londres e pertemcem ao acervo do Instituto Guimarães Rosa); mentora literária