‘Reforma tributária é a única forma do Brasil crescer’, afirma Tebet

 


Com a diminuição das taxas de juros em curso, uma safra recorde de soja, a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados e a consolidação do arcabouço fiscal, ratificada em 22 de agosto, o panorama do mercado está sendo ajustado em relação às expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Analistas, que anteriormente previam um aumento de apenas 0,8% na economia em 2023, agora sustentam uma previsão mais otimista de 2,3%.

De fato, os dados corroboram essa perspectiva positiva. Os indicadores mais recentes para os setores industrial, comercial e de serviços confirmaram a melhoria na produção e no emprego ao longo do trimestre. A indústria registrou um crescimento de 0,4% ajustado sazonalmente, com uma contribuição substancial do setor de extrativismo mineral (2,7%). Tanto o comércio ampliado quanto os serviços demonstraram um aumento no volume durante o último trimestre. Outro indicador relevante para avaliar os serviços de transporte é o fluxo de atividade nas estradas, que aumentou em 0,7%. De maneira agregada, o índice de atividade do Banco Central (IBC-br), uma prévia do PIB, sugere que a atividade econômica geral cresceu 0,63% em junho. Além disso, o mercado de trabalho permanece robusto, com a população ocupada aumentando nos principais setores após ajustes sazonais, incluindo a indústria (1,8%), o comércio (2,0%) e os serviços (2,4%).

O desafio reside em aproveitar essa oportunidade e evitar um novo ciclo de crescimento instável. A Ministra do Planejamento, Simone Tebet, salienta que a única maneira de alcançar um crescimento sustentável e equilibrado no Brasil após quatro décadas é por meio da aprovação da reforma tributária. Ela destaca em entrevista à revista VEJA que essa reforma proporcionará condições de igualdade na competição para a indústria nacional e sugere que o crescimento pode ultrapassar as estimativas oficiais.

Inicialmente, as projeções do mercado apontavam para um crescimento de 0,8% no PIB de 2023. Agora, essa perspectiva aumentou para 2,3%. Será que ainda haverá surpresas nessas previsões? Nós fomos os primeiros a apresentar, com base em dados e métricas, que o Brasil poderia alcançar um crescimento entre 2,1% e 2,3%, mesmo sem tomar novas medidas após o relatório de crescimento do PIB, impulsionado pelo desempenho do agronegócio, que cresceu 1,9% no trimestre. De maneira conservadora. Desde então, duas situações ocorreram: observamos uma desaceleração maior na inflação de alimentos e serviços, algo que muitos duvidavam, além do início da redução das taxas de juros, com um indício de que esse processo seguirá com uma queda de 0,50 pontos percentuais.

Certos analistas já aventam a possibilidade de um crescimento de 3% neste ano. Isso está sendo considerado pela equipe econômica? Não é apropriado mencionarmos 3% sem estudos conclusivos; dependemos de dados mensais para tal. Portanto, não temos informações oficiais nesse sentido. Nossa responsabilidade é trabalhar de maneira prudente e segura. Nossa projeção inicial já apontava para um crescimento de 2,3% antes dos dois fatores que mencionei. Isso implica que poderíamos alcançar 2,5%. O mercado já prevê um crescimento três vezes maior do que no início do ano.

O desempenho do PIB no primeiro semestre foi impulsionado pela safra recorde de soja no agronegócio. A indústria está acompanhando esse desempenho positivo? Infelizmente, a indústria está enfrentando dificuldades e não tem conseguido acompanhar o ritmo do agronegócio. A reforma tributária, que visa diretamente a indústria, buscará aliviar a carga tributária e promoverá a geração de empregos e a produtividade. Isso, naturalmente, impulsionará o PIB. Uma indústria sólida é crucial para manter a economia em movimento. Ela carece apenas de dois elementos: a reforma tributária e condições para um crédito mais acessível.

O Brasil não tem registrado um crescimento sustentável há pelo menos uma década. O que assegura que o crescimento previsto para este ano não será apenas temporário? A única forma de alcançar um crescimento sustentável e equilibrado no Brasil pela primeira vez em quatro décadas é por meio da aprovação da reforma tributária. Mesmo que tenhamos cumprido nossas obrigações e mantido nossa disciplina interna, para que o Brasil possa realmente gerar emprego e renda, precisamos de uma indústria competitiva que seja capaz de gerar crescimento e empregos. Isso só será possível quando a indústria estiver em pé de igualdade competitiva com outros países.


Fonte: Veja

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