Especialistas internacionais citam atos em centros de detenção geridos por autoridades de Moscou e explosões em locais sem presença militar; grupo independente também quer que autoridades ucranianas investiguem violações cometidas por suas próprias forças.
A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia revelou nesta segunda-feira que os métodos de tortura usados em áreas do país pela Rússia foram “tão brutais que levaram à morte de algumas das suas vítimas”.
No Conselho de Direitos Humanos, o presidente da comissão, Erik Mose, disse que mais de 10 visitas ao território ucraniano recolheram amostras de "uso generalizado e sistemático" da tortura pelas Forças Armadas russas em regiões sob o seu controle.
Ataques ilegais com armas explosivas
Na apresentação feita em Genebra, o especialista disse haver provas de contínuos crimes de guerra cometidos pelas Forças Armadas russas na Ucrânia.
Mose mencionou atos incluindo ataques ilegais com armas explosivas, agressões que ferem civis, tortura, violência sexual e baseada no gênero e ataques a infraestruturas energéticas, para os quais será necessário clarificar como estas questões se enquadram nos crimes de guerra.
A comissária Vrinda Grover destacou que houve atos podem ser considerados crimes contra a humanidade, observando casos ocorridos no último mês em lugares onde que não havia presença militar nem sequer na vizinhança.
Ataques a alvos civis e violência sexual
Ela explicou que foram ataques com explosivos contra locais como edifícios residenciais, estações de metrô, áreas médicas, restaurantes, lojas e casas comerciais.
Até o princípio de setembro, a comissão esteve em áreas antes controladas pelas forças russas, como Kherson e Zaporizhzhia. Nessas regiões, os atos foram cometidos principalmente em centros de detenção geridos pelas autoridades russas.
O documento indica que na região de Kherson, houve casos de soldados russos que “violaram e cometeram violência sexual contra mulheres com idades compreendidas entre os 19 e os 83 anos”. Membros das famílias foram mantidos em sala próxima e eram forçados a ouvir quando as violações aconteciam.
Falta de clareza e transparência
A respeito dos efeitos do conflito sobre as crianças, a comissão disse continuar a investigar situações individuais de alegadas transferências de menores não acompanhados para a Rússia. O desafio é a “falta de clareza e transparência sobre a extensão, as circunstâncias e as categorias de crianças” envolvidas.