Anunciado pelo secretário-geral nesta quinta-feira, novo órgão consultivo composto por 32 especialistas irá atuar em recomendações para governança internacional da nova tecnologia; avanço rápido da IA pode representar ameaças para coesão social e para democracia.
A ONU lançou nesta quinta-feira um órgão para colocar a inteligência artificial a serviço da humanidade e fazer com que seus riscos sejam contidos e diminuídos.
O anúncio foi feito pelo secretário-geral, António Guterres, e consiste na criação de um grupo consultivo de alto nível e multissetorial, composto por 32 especialistas de várias partes do mundo.
Chance de “progresso extraordinário”
Guterres afirmou que, nos tempos difíceis em que vivemos, a inteligência artificial pode servir para impulsionar “um progresso extraordinário para a humanidade”.
Dentre os benefícios possíveis, ele listou previsão e resposta a crises, implementação de programas de saúde pública e educação, ação climática e cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
No entanto, o líder da ONU afirmou que isso depende do uso das novas tecnologias de forma responsável e accessível.
Mencionando a velocidade do surgimento de novas ferramentas como chatbots, clonagem de voz, geradores de imagens e aplicativos de vídeo, ele disse ter ficado impressionado com a “experiência surreal” de se ver fazendo um discurso em chinês fluente, apesar de não falar a língua, por meio do uso de um aplicativo.
ONU/Eskinder Debebe O secretário-geral da ONU, António Guterres, dirige-se ao Conselho de Segurança da ONU sobre a ameaça da IA à paz e segurança internacionais
Ameaças graves
Apesar de considerar este um exemplo das “incríveis possibilidades” da inteligência artificial, Guterres alertou para perigos potenciais.
Dentre os riscos ele destacou aumento da desinformação, consolidação do preconceito e da discriminação, vigilância, invasão de privacidade, fraudes e violações dos direitos humanos.
O secretário-geral ressaltou que o uso malicioso da IA poderia “minar a confiança nas instituições, enfraquecer a coesão social e ameaçar a própria democracia”, além de aprofundar desigualdades e “transformar as divisões digitais em abismos”.
Para impedir estas ameaças, o novo órgão será o espaço para um diálogo global, multidisciplinar e multisetorial sobre a governança da IA, de modo que os benefícios sejam maximizados e os riscos contidos.
Órgão com representatividade de gênero, geográfica e geracional
Segundo Guterres, os esforços do Órgão Consultivo serão inclusivos e baseados nos valores universais consagrados na Carta das Nações Unidas.
A função do grupo será de avaliar como várias iniciativas de governança da IA que já estão em curso e gerar recomendações sobre três aspectos: Regras internacionais, consensos sobre riscos e desafios e o aproveitamento de oportunidades para acelerar o cumprimento dos ODS.
O Chefe das Nações Unidas afirmou que este órgão consultivo é equilibrado em termos de gênero, geograficamente diversificado e abrange diferentes gerações. Segundo ele, os membros têm profunda experiência em governo, negócios, tecnologia, sociedade civil e academia.