O índice ainda mostra que o Brasil ultrapassou o Chile e lidera entre os países da América Latina
O Brasil avançou cinco posições e retornou ao grupo das 50 economias mais inovadoras do mundo após um período de 12 anos, de acordo com os dados recentes do Índice Global de Inovação (IGI). Estes dados foram divulgados em uma quarta-feira, 27, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI – WIPO, na sigla em inglês), em colaboração com o Instituto Portulans, com o respaldo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI).
O Brasil agora ocupa a 49ª posição entre os 132 países avaliados, superando o Chile e liderando a América Latina, de acordo com os resultados do levantamento de 2023. Surpreendentemente, os dados indicam que os pesquisadores brasileiros conseguiram impulsionar a inovação, mesmo enfrentando condições menos favoráveis em comparação com o ano anterior.
Os dez países mais bem posicionados no índice são: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul. A classificação, divulgada anualmente desde 2007, foi reconhecida pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas como um instrumento de referência para avaliar a inovação em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Esses dados serão discutidos no 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, que está programado para começar nesta quarta-feira no São Paulo Expo. Esse evento, organizado pela CNI em parceria com o Sebrae, é considerado um dos maiores eventos de inovação da América Latina. O tema do congresso será a ecoinovação, e contará com a participação de especialistas brasileiros e internacionais para debater esse tópico e propor diretrizes para uma estratégia nacional de inovação na indústria brasileira.
Apesar do avanço no índice, o Brasil ainda não alcançou seu pleno potencial, de acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Mesmo com a conquista de posições pelo terceiro ano consecutivo, ele ressalta que o Brasil, atualmente a 12ª maior economia do mundo, ainda tem um caminho a percorrer em termos de inovação. A melhor classificação do Brasil no índice de inovação global foi alcançada em 2011, quando ocupou o 47º lugar.
Andrade destaca a necessidade de políticas públicas modernas e atualizadas para impulsionar a inovação no país e ressalta o papel crucial do índice em identificar os pontos fortes e fracos do Brasil nesse contexto.
Em relação aos países do BRICS, o Brasil ocupa a terceira posição, à frente da Rússia (51º lugar) e da África do Sul (59º). A China está em 12º lugar, enquanto a Índia está na 40ª posição.
Em comparação com outros países de renda média alta, o Brasil se destaca em indicadores como resultados de conhecimento e tecnologia, criatividade, sofisticação de negócios, sofisticação de mercados, capital humano, pesquisa e infraestrutura.
Os organizadores do índice enfatizam a necessidade de o Brasil adotar uma cultura de ecoinovação, que envolve o aumento da disposição das empresas para assumir riscos e um maior apoio governamental à inovação sustentável. Eles observam que setores como gestão de resíduos, conservação de energia, energia alternativa e transporte oferecem oportunidades promissoras para a inovação na indústria brasileira.
A avaliação é que o Brasil tem uma oportunidade única de se tornar um líder global em inovação sustentável, com uma participação maior de patentes verdes em comparação com as principais economias (16,1% no Brasil, em comparação com 14,9% nos EUA, 14,3% na UE e 15,3% na China).
Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, destaca a importância do fortalecimento das universidades e da infraestrutura de pesquisa para que o Brasil se torne uma economia verdadeiramente inovadora. Ela também expressa preocupação com a redução significativa do investimento público em ciência, tecnologia e inovação, que tem prejudicado o desenvolvimento de projetos de pesquisa científica e tecnológica no país.
Fonte: Exame