A FUNÇÃO SOCIAL DA LITERATURA: UNINDO POVOS E PRESERVANDO O PATRIMÔNIO CULTURAL, por Sueli Lopes



A literatura, uma das formas mais antigas e poderosas de expressão humana, desempenha um papel fundamental na sociedade. Além de entreter, educar e enriquecer a alma, a literatura também desempenha uma função social crucial, unindo povos por meio da língua e preservando o patrimônio cultural de uma nação. Neste artigo, explorarei como a literatura desempenha esses papéis vitais, com referências ao renomado crítico literário, Antônio Cândido e ao escritor argentino, Jorge Luis Borges.

A Unificação da Língua como Poderosa Ferramenta Literária:

A língua é um dos principais meios de comunicação humana, mas também é uma das principais barreiras culturais e linguísticas que separam as pessoas. A literatura, no entanto, tem o poder de superar essas barreiras e unir povos de diferentes origens e línguas. Ela faz isso ao proporcionar um espaço onde as histórias, ideias e emoções podem ser compartilhadas em palavras escritas. Mesmo quando uma obra literária é escrita em uma língua específica, sua tradução permite que pessoas de todo o mundo acessem a riqueza de culturas diversas.

Antônio Cândido, um dos mais influentes críticos literários brasileiros, dedicou parte significativa de sua carreira ao estudo da literatura brasileira e à compreensão de sua função social. Ele argumentava que a literatura é uma das maneiras mais eficazes de construir a identidade cultural de uma nação, unindo pessoas através de experiências compartilhadas e histórias comuns. Através da literatura, podemos conhecer e compreender a realidade de outras culturas, superando preconceitos e estereótipos.


Literatura como Patrimônio Cultural:

A literatura não apenas une povos, mas também desempenha um papel importante na preservação do patrimônio cultural. Cada obra literária é um reflexo do tempo, lugar e sociedade em que foi escrita. Ela captura as crenças, valores e desafios de uma época, tornando-se uma valiosa fonte de conhecimento histórico e cultural.

Jorge Luis Borges, o renomado escritor argentino, é um exemplo perfeito para mostrar a literatura em seu papel de patrimônio cultural. Sua obra é profundamente enraizada na tradição literária e cultural da Argentina, mas também incorpora influências de todo o mundo. Borges explorou temas universais, como o infinito, o tempo e o labirinto, enquanto ao mesmo tempo mergulhava nas raízes da cultura argentina e latino-americana. Suas histórias e ensaios são um testemunho da riqueza cultural e intelectual de sua terra natal e do mundo em geral.

Jamais nos esqueçamos de que a função social da literatura é complexa e múltipla. Autores e críticos literários como Antônio Cândido e Jorge Luis Borges demonstram como a literatura pode desempenhar um papel vital na formação da identidade cultural de uma nação e no enriquecimento das raízes culturais globais. À medida que exploramos as vastas bibliotecas de literatura que o mundo tem a oferecer, lembramos que a literatura não é apenas uma forma de entretenimento, mas também uma força poderosa que molda e une sociedades em todo o globo.

Afinal, a literatura, ao longo dos tempos, desempenhou um papel crucial na sociedade, indo muito além do entretenimento e da expressão artística. Ela é o uso da língua como elo de união entre povos. Se a língua é uma ferramenta fundamental que une pessoas de diferentes origens, possibilitando a comunicação e a compreensão mútua, a literatura, por sua vez, ao ser expressa em diferentes idiomas, amplia as fronteiras culturais e cria pontes entre nações e grupos sociais distintos. Ela permite a troca de experiências, ideias e valores, promovendo a empatia e o entendimento entre os indivíduos.

As obras de Jorge luís borges, por exemplo, traduzidas para diversas línguas, oferecem uma visão universal que ultrapassa as barreiras geográficas, contribuindo para a compreensão e a apreciação mútua entre os leitores de diferentes origens.

A Língua como Patrimônio Cultural

Além de unir pessoas, a língua é um componente essencial do patrimônio cultural de um povo. Ela carrega consigo a identidade, a história e a tradição de uma comunidade, transmitindo valores e conhecimentos ao longo das gerações. A literatura, como expressão máxima da língua, preserva e enriquece esse patrimônio cultural.

Vale retomar Antônio Cândido, como ele ressaltou a importância da literatura na construção da identidade nacional. Segundo ele, as obras literárias refletem a sociedade em que são produzidas, preservando costumes, crenças e a memória coletiva. Elas funcionam como um espelho, possibilitando que uma nação compreenda sua própria história e, ao mesmo tempo, seja compreendida por outras culturas.

O Papel Transformador da Literatura na Sociedade

A literatura desempenha um papel transformador na sociedade, não apenas ao refletir a realidade, mas também ao questionar e propor novas perspectivas. Ela incita debates, promove a reflexão crítica e estimula a mudança. Autores como Cândido e Borges, por meio de suas obras, desafiaram convenções e expandiram os horizontes intelectuais dos leitores, contribuindo para o desenvolvimento social e cultural.

Ao revelar a diversidade de vozes e experiências, a literatura abre espaço para o diálogo intercultural, promovendo a valorização da pluralidade e a busca pela igualdade. Ela incentiva a tolerância e o respeito às diferenças, aspectos cruciais para uma convivência harmoniosa em uma sociedade globalizada.

A função social da literatura transcende a mera estética e entretenimento, exercendo um papel vital na união de povos e na preservação do patrimônio cultural. Antônio Cândido e Jorge Luis Borges, cada um à sua maneira, destacaram a importância da língua e da literatura na construção de uma sociedade mais inclusiva, justa e culturalmente rica.

A literatura é, portanto, um tesouro que não apenas entretém, mas também conecta, preserva e transforma, contribuindo significativamente para a evolução e a compreensão da humanidade.



Sueli Lopes é Drª h. c. Em Literatura, pós-graduada em Literatura pela Universidade de Salamanca, Esp., graduada em Letras , professora de língua portuguesa e linguística.

É autora, escritora, antologista, colunista internacional e CEO do Grupo Internacional de Escritores Vozes da Diáspora (Londres). É Chanceler da Embaixada Cultural da Paz da FEBACLA, onde também é

Comendadora e Acadêmica Internacional, título este que, de igual modo, obteve da AILB (Academia Internacional de Literatura Brasileira), em Nova Iorque. Sueli faz leitura crítica, curadoria literária, mentoria e projeto editorial, tendo concretizado o sonho de diversos escritores ao redor do mundo. Instagram: @escritorasuelilopes


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