Nova Cabo Frio Water Park está situado em uma "zona de amortecimento" do PECS, onde construções são permitidas, mas com critérios rigorosos
A Câmara de Vereadores de Cabo Frio promove uma audiência pública até o final de junho deste ano para debater com a população a construção do Nova Cabo Frio Water Park. O megaempreendimento, composto por parque aquático, espaço de aventuras, centro de entretenimento, beach club e resort, além de lojas, restaurantes e lanchonetes, tem previsão de ser erguido nos próximos anos dentro de uma área do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), entre as praias das Conchas, Brava e Ilha do Japonês.
O projeto, anunciado em 2021, vem gerando polêmicas desde então. Ambientalistas questionam a possível degradação da área verde, ainda que se trate de uma área particular, de propriedade da empresa São José Desenvolvimento Imobiliário desde março de 2011. O local está situado em uma “zona de amortecimento” do PECS, onde construções são permitidas, mas com critérios rigorosos.
Fernando Gomes Fonseca, um dos sócios do empreendimento, garante que o projeto levará em conta a preservação ambiental e respeitará as leis ambientais. Ele afirma que a audiência pública é uma exigência legal para a aprovação do projeto.
O resort do Nova Cabo Frio Water Park terá três vilas hoteleiras com um total de 536 unidades habitacionais, cada uma com capacidade para até quatro pessoas, totalizando mais de dois mil hóspedes por dia em lotação máxima. Já o complexo aquático terá capacidade para até 15 mil turistas por dia.
O projeto prevê a construção de receptivo, vestiários, lojas, restaurantes, banheiros, quiosques, bar molhado, piscinas, toboáguas, quadras de beach tennis, rio lento e outras atrações. O custo total do projeto é estimado em R$ 500 milhões.
A parte arquitetônica do espaço de aventuras já foi aprovada pelo Inea, mas a fase de desenvolvimento do projeto executivo ainda não foi concluída. Por isso, ainda não há previsão de quando as obras começarão.
Um dos projetos que compõem o Nova Cabo Frio Water Park ainda depende de uma série de estudos e autorização do Ibama e da União. Já outros projetos, como a implantação de um centro de apoio, torre, ponte, mirante e deck, foram liberados desde que atendessem aos requisitos da legislação ambiental e tivessem aprovação dos demais órgãos técnicos.
O Inea vetou a implantação de arvorismo e de uma tirolesa ligando o mirante da Praia das Conchas ao Morro do Vigia.
Demolição de quiosques e especulação imobiliária
A construção do Nova Cabo Frio Water Park se soma a outras preocupações em relação à especulação imobiliária no entorno da Praia das Conchas. Em 30 de abril, a Justiça Federal determinou a retirada dos últimos 11 quiosques que restavam na orla da praia. A prefeitura também removeu cancelas que restringiam o acesso às Conchas e à Ilha do Japonês.
Um documento da São José Desenvolvimento Imobiliário revela que o terreno de sua propriedade tem cerca de 4 milhões de m², incluindo toda a área utilizada como estacionamento na Praia das Conchas e na Ilha do Japonês. Desse total, cerca de 2,8 milhões estão dentro de Unidades de Conservação Integral do PECS.
O documento também menciona os quiosques da Praia das Conchas como um “problema”, alegando que eles ocupam espaço de lazer na orla, funcionam sem alvará, com condições sanitárias precárias e descarte de esgoto direto no mar. A empresa propõe a construção de 12 quiosques com estruturas de containers dentro da área do empreendimento, que seriam ocupados pelos atuais permissionários mediante contrato de locação.
Lucas Muller, membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente, alerta para o histórico de tentativas de empreendimentos imobiliários na região e defende a atenção da sociedade civil. Ele destaca a importância da nova ordenação da orla e da recuperação da área já degradada, como foi feito em Saquarema e Búzios.
Fonte: RC34H